Projecto de Urbanismo - Entrecampos, Lisboa

Entrecampos em Lisboa, Portugal



O trabalho aqui publicado  é o resultado de um estudo urbano feito para as disciplinas de Física  do Ambiente e Projeto na Universidade Lusófona, o estudo foi realizado em 2006/2007.

A área de intervenção é composta por duas zonas, o  quarteirão da antiga Feira Popular e o  quarteirão do antigo Mercado de Abastecimento de Lisboa. A primeira zona está localizada perto da área empresarial da cidade e inclui uma das estações ferroviárias e de metro mais movimentadas de Lisboa. A zona do Mercado de Abastecimento encontra-se abandonado. 

A intervenção proposta visa devolver estas áreas aos Lisboetas, conferindo-lhes identidade urbana e implementando vida e continuidade urbana.

O quarteirão da antiga Feira Popular cria descontinuidade no tecido urbano, desligando a área do Campo Pequeno com a área de Entrecampos. Perto estação os passeios são utilizados como estacionamento para as pessoas que chegam de fora de Lisboa e pretendem aceder ao centro de Lisboa de transportes públicos.



Alguns dos factores existentes na Planta de condicionantes determinaram algumas opções da proposta de desenho urbano. 

Os acessos do metropolitano determinaram a linha de fachada dos edifícios do terreno da Antiga Feira Popular virados para a Av. da República. Esta opção permite que o passeio seja mais largo nesta zona, algo positivo visto estar perto da estação tornando esta numa zona bastante movimentada com tomada e largada de passageiros. Para prevenir que este local se torne um estacionamento automóvel, o que acontece actualmente, serão colocados pilaretes que restringirão o acesso dos automóveis aos passeios.

Na zona oeste do terreno do Antigo Mercado Abastecedor encontramos um declive muito acentuado. Este declive foi aproveitado para criar uma plataforma onde podemos usufruir de um magnífico miradouro, uma zona de lazer com árvores, pontuada por quiosques com cafés ou pequenas lojas, que servem os edifícios habitacionais+comércio e os edifícios comércio+serviços que se prolongam para a cota inferior desse tapume. 

Foi determinado que o edificado existente seria conservado, o que constituiu um desafio para a sua integração no novo desenho urbano. Na zona Nordeste do Antigo Terreno da Feira Popular foi mantido um edifício de 11 pisos que esmaga o passeio junto à rotunda de Entrecampos e que fará parte da nova praça. Os prédios preservados na zona oeste e leste do antigo Mercado Abastecedor serviram como modelo volumétrico e determinaram a linha de fachada dos edifícios a serem implementados.

Foram abertas novas ruas e os eixos viários sem saída existentes foram continuados e ligados aos eixos principais para permitir o fluir do trânsito. 

O corredor aéreo que passa por cima do terreno revelou-se também uma condicionante, porque impõe um limite para a altura dos edifícios a construir nesta zona de 25m.


 QUARTEIRÃO DA ANTIGA FEIRA POPULAR


O quarteirão da Antiga Feira Popular foi planeado de forma a manter a divisão dos quarteirões das Antigas Avenidas Novas, e manter a função de espaço lúdico e de lazer com os espaços verdes e zonas comerciais.

Os edifícios que se encontravam no local foram quase todos demolidos à excepção do edifício que aloja o supermercado. Os edifícios que serão construídos neste local foram pensados para complementar o local com o edifício existente. Esta área foi pensada para ser a praça principal deste bloco, a porta principal de entrada para interior do quarteirão. Um túnel no edifício abre caminho para o interior do bloco que faz a ligação à estação.

O limite com a Av. da República foi estabelecido pelos acessos do metropolitano que empurraram as fachadas dos edifícios para uma linha recuada, permitindo assim ficar com um passeio largo, um factor vantajoso visto esta ser uma zona de grande fluxo de pessoas. O limite com a Av. 5 de Outubro fez-se pela linha do muro que existia no local e pelas fachadas dos edifícios contíguos. A frente com a Av. das Forças Armadas foi recuada de forma a criar uma praça para acolher as pessoas. Do lado da estação Ferroviária foi criada uma zona limpa de edifício para criar um espaço desafogado.

O quarteirão tem uma passagem pedonal paralela à Av. 5 de Outubro e várias passagens da Av. da República para a Av. 5 de Outubro, que permitem fazer uma ligação interior, longe da confusão do trânsito, entre os eixos viários mais importantes. 

A zona interior do quarteirão foi desenhada de forma a ser apelativa para os transeuntes e residentes, com uma zona central de jardim e sombra com bancos e mesas. Junto dos edifícios ficarão zonas de esplanada contíguas às zonas comerciais.

A ligação do quarteirão interior à entrada da estação ferroviária é realizada através de uma rampa que dá acesso a um largo, que fica ao nível da entrada para a estação, com lojas escondidas numa cobertura ajardinada, com inclinação contrária à rampa.

Neste sector os edifícios planeados são de comércio+serviços e ainda comércio+habitação. O piso 0 será ocupado por lojas de comércio e serviços, os pisos superiores serão ocupados por serviços.


QUARTEIRÃO DA ANTIGA FEIRA POPULAR / PERFIL 1


Criação de uma zona protegida do trânsito. Circulação de automóveis somente para cargas e descargas. Dentro do quarteirão zonas de lazer, restauração, serviços reservadas ao peão. Ligação de visual e física da praça da estação para a Avenida das Forças Armadas.


QUARTEIRÃO DA ANTIGA FEIRA POPULAR / PERFIL_2

Ligação entre o interior do quarteirão e as avenidas adjacentes. Prolongamento da Ruas da Cruz Vermelha para a Avenida da República. Criação de um espaço desafogado junto da estação ferroviária. Criação de uma rampa para vencer a diferença de cotas entre o piso da estação e o interior do quarteirão. Criação de espaços de comércio e restauração na praça da estação escondida do interior do quarteirão por uma cobertura ajardinada.



QUARTEIRÃO DO ANTIGO MERCADO DE ABASTECIMENTO


Nesta zona os edifícios existentes serviram de modelo para os edifícios propostos junto da Av. das Forças Armadas. Os edifícios são disposto perpendicularmente à Av. das Forças Armadas de forma a dar alguma privacidade e resguardo da confusão e ruído do trânsito que passa nesta avenida, permite também criar zonas de lazer entre os edifícios. 

Os usos dos edifícios são comércio+serviços, habitação+comércio e cultura+comércio. São edifícios com 8 a 10 pisos, sendo os pisos de rés-de-chão ocupados por lojas, e os superiores por habitação ou serviços.

Novas ruas foram planeadas e as ruas existentes foram redesenhados para ser concordantes com o projecto urbano proposto. As ruas têm duas faixas com sentidos opostos e estacionamento.

Aproveitando o forte declive que existe nesta zona foi criado um tabique de edifícios e jardins. Os edifícios terão duas cotas de acesso tendo uma diferença de dois pisos de uma cota para a outra, sendo esses pisos de comércio e serviços. O acesso entre cotas faz-se por uma escadaria e uma escada rolante e por um elevador panorâmico.

Para criar uma ligação entre ambos os passeios da Av. das Forças Armadas foram criados viadutos pedonais, estes acessos permitem que os utilizadores do Campus Universitário utilizem estes espaços de lazer e comércio.